quinta-feira, 2 de junho de 2011

COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM DAS CRIANÇAS COM AUTISMO

Antes de falarmos sobre as dificuldades de comunicação, devemos antes definir o que é autismo.
Podemos também chamarmos de “Espectro das disfunções”, inclui perturbações de desenvolvimento de raiz biológica que conduzirá a um padrão específico de percepção, pensamento e aprendizagem, disfunções da fala e a deficiências motoras ou sensoriais. (Rita Jordam)
A linguagem além de ter papel na comunicação, desempenha uma função no desenvolvimento do raciocínio da criança. As crianças normalmente ao desenvolverem utilizam a linguagem para controlar as suas próprias actividades, e nesta altura considera-se que a linguagem se interiorizou como discurso interior que o permite planificar e orientar as suas próprias actividades.
Qualquer criança com dificuldades de linguagem, como acontece com o autismo fica assim diminuída nestes aspectos de raciocínio e planificação. A criança autista pode não prestar atenção as orientações do adulto, ficando assim impedida de adquirir esta função de linguagem directa, podendo fazer com que as indicações verbais não sejam incorporadas na atenção às tarefas que a criança está a realizar.
Há muitas crianças com autismo com dificuldades adicionais de linguagem ou de aprendizagem que nunca conseguirão falar, pelo que é necessário ensinar-lhes uma alternativa linguagem escrita ou gestual). Há outras que tentam aprender a falar e que precisam de um sistema aumentativo (linguagem de símbolos, figuras ou objectos, falada) que os ajude adquirir a linguagem e a ter um meio de comunicação.
Os pais, professores e técnicos, necessitam ensinar- lhes a controlar ou mesmo modificar a sua própria linguagem e formentar nas crianças as capacidades de linguagem e comunicação. Para algumas, terá de ser ensinado um modo alternativo de comunicação, sistemas visuais são geralmente muito úteis, mas o sistema adoptado vai depender da análise dos pontos fortes e fracos da criança e das próprias características da situação.
O que quer que lhes seja ensinado, precisa ser dado passo-a-passo e tendo em conta as dificuldades que a criança sente em entender o que se pretende comunicar.

Avaliação Neuropsicológica

O que é Neuropsicologia?

É a ciência que estuda a relação entre a cognição, o comportamento e a actividade do sistema nervoso. Actua como principal ferramenta no diagnóstico das disfunções cognitivas, mas também no acompanhamento e reabilitação das mesmas.

É uma avaliação objectiva, que mede o desempenho das habilidades cognitivas, procurando investigar quais as funções cognitivas que estão preservadas e as que estão comprometidas.
Utiliza um conjunto de instrumentos padronizados para avaliação das funções cognitivas, que permitem fazer o mapeamento quantitativo e qualitativo do funcionamento cerebral, em termos de desempenhos reais de habilidades como:
• Atenção e orientação;
• Memória;
• Linguagem;
• Funções espaciais, perceptivas e construtivas
• Função motora;
• Velocidade de processamento;
• Função Executiva

A avaliação neuropsicológica tem como objectivos reunir os dados clínicos para auxiliar na compreensão da extensão das perdas:
• Identificar alterações relativamente ao nível de funcionamento pré-mórbido
• Detectar a presença de deterioração cognitiva
• Quantificar a gravidade da deterioração
• Definir o grau de incapacidade funcional.
• Salientar os aspectos fortes e fracos do funcionamento cognitivo do doente
• Fornecer perfis neuropsicológicos para o diagnóstico diferencial
• Avaliar a eficácia dos tratamentos farmacológicos e não-farmacológicos
• Monitorizar as mudanças ao longo do tempo
A avaliação neuropsicológica encontra-se presente nas diferentes fases do ciclo vital (criança, adulto e idoso) para detecção de distúrbios cognitivos e comportamentais, nomeadamente:
• Atraso desenvolvimento cognitivo;
• Atraso desenvolvimento linguagem oral e escrita;
• Dislexia, discalculia, disortografia;
• Hiperactividade e défice de atenção;
• Sequelas neurocirúrgicas;
• Lesões cerebrais adquiridas;
• Envelhecimento cerebral: alterações da memória próprias da idade; défice cognitivo ligeiro;
• Demências (Alzheimer, Parkinson, entre outras)

Drª Teresa Campos Ferreira


NOTA CURRICULAR

É licenciada em Psicologia, pré-especialização em Psicologia da Saúde, pela Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto (1998). Possui especialização pós-licenciatura em Neuropsicologia Clínica (2004) e pós graduação em Cuidados paliativos pela faculdade de Medicina de Lisboa (2007). Encontra-se a terminar o Mestrado em Psicologia Clínica e da Saúde na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto.
Desde 1998 que tem desenvolvido a sua actividade profissional no âmbito da Psicologia Clínica, em instituições privadas, actuando nas diferentes etapas do ciclo vital: crianças, adultos e idosos.
Formadora certificada desde 1999, tendo colaborado com o Instituto de Emprego e Formação Profissional e outras instituições privadas de formação, na administração de acções de formação na área da Psicologia e na elaboração de projectos de formação na área comportamental. Possui vasta experiência em Formação Pedagógica Inicial de Formadores, ministrando estes cursos desde 2000.
Actualmente, e desde 2005, exerce funções de Psicóloga num Hospital público da área do grande Porto.